terça-feira, 29 de outubro de 2013

A Quinta feira

   Clóvis comprou o pão como fazia toda segunda-feira, e terça, e quarta, quinta não (comprava bolo), mas também às sextas.
   Para ele, o dia só começava quando comprava o pão. A caminhada de uma quadra e meia, o cheiro do café da Don'Ana, o barulho dos primeiros carros. Tudo isso marcava o fim da sonolência e o preparava para o labor diário.

   Clóvis comprou o pão mas não chegou em casa às seis e quinze. Não naquele dia.

   Havia uma garota nova na padaria. Nunca a vira nas redondezas, devia ter se mudado há pouco.

   "Bom dia", cumprimentou ela, com um sorriso meio torto (no bom sentido)

   Ele piscou algumas vezes antes de retribuir um sorriso bobo e gaguejar:

   "B-bom dia".

   Ela riu do seu nervosismo e ele não conteve uma gargalhada autocrítica.

  Quinta feira, Clóvis não comprou bolo. Foi à padaria, menos pelo pão e mais pelo "bom dia".

O Homem e o Silêncio

Rodrigo Santos • um ano atrás

"   Você tirou as palavras da minha boca. É isso mesmo. Acho que os fatos do silêncio descritos tem mais a ver com um casal no começo, meio e final de um relacionamento. Vou contribuir com alguns fatos que acredito:

   Várias mulheres - pra não dizer 99% delas - tem uma certa dificuldade em entender esse lado silencioso masculino. E normalmente durante esse período eles estão pensando numa solução pra alguma coisa e para pensarem melhor ficam em silêncio, geralmente não é por que aconteceu algo com o relacionamento. No final, eles voltam do mesmo jeito que estavam antes.

   Até o mais falastrão dos caras silencia de vez em quando, como eu. O silêncio estará presente em todas as fases de um relacionamento com um homem. E se você desrespeitá-lo, ele se sentirá ofendido igualzinho você se sente ofendida quando ele não te ouve. Digamos que isso seja o inverso: enquanto vocês falam do problema, nós silenciamos e procuramos uma solução pra ele."


Marcelo R. R. • um ano atrás

  Por que se calam?
      -Se calam para pensar melhor.

   O que fazer?
    -Não custa, tentar "chegar mais perto", se não for um lesadão extremo ele perceberá que a guria quer ser tocada, nem que seja um simples braço na cintura ou coisa do tipo. É agradavel e não "atrapalha". Isso vale pra mulher casada também.

   O que não fazer?
    -Protestar com piadinhas toscas, ou bitch talk.

   E, por último, o corpo expressa melhor as coisas do que as palavras. Muito melhor, dê atenção a isto, pois em se tratando deles, é fundamental."

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Desmascarando a História: Introdução

"Os cientistas admitem, mesmo sem comprovação definitiva, que o nosso planeta tenha se formado há cerca de cinco bilhões de anos e que a vida, em sua forma mais primitiva, tenha surgido um bilhão de anos depois. Foi, no entanto, há apenas quinhentos milhões de anos que ocorreu a 'explosão' da vida nos mares e, bem mais tarde, cerca de 250 milhões de anos, os primeiros vertebrados deslocaram-se para a terra firme, quando surgiram os répteis e os primeiros mamíferos."


Este é o conceito que nos traz o autor Cláudio Vicentino sobre o início dos tempos e o surgimento da vida. São conceitos como este, científicos e próximos da realidade, que pretendemos trazer a vocês nesta nova seção do NCL, inaugurada hoje.
Esta postagem inicial visa apenas trazer o método que iremos usar e os motivos que nos fizeram criar este tópico.
À princípio foi um desejo meu, amante da História e do conhecimento, mostrar o real por trás do mito. Pois diariamente acreditamos, mesmo aqueles que são menos leigos nos assuntos em geral, em estórias e fatos inverídicos sobre diversos aspectos de nosso mundo, cultura e fenômenos.
A ideia ficou guardada no arcabouço e foi regada por duas matérias em particular que fizeram-na florescer e cá estou para expô-la ao mundo.

Apresentarei a vocês em primeiro lugar o texto escrito por Alex Castro, no Papo de Homem.
Trarei apenas dois trechos da matéria Nostalgia da Varíola, mas para aqueles que desejarem ler na íntegra, o link está na postagem.

O primeiro:
"[...] ser branco rico no Rio do século XIX era melhor do que ser favelado pobre no Rio de 2013, mas os brancos ricos da época caberiam num único condomínio de luxo hoje: eram pouquíssimos.

Não faz sentido comparar a situação da população média de hoje com a dos 0,3% mais ricos de antigamente – e, mesmo assim, seus indicadores de saúde seriam piores que os dos favelados atuais."

O mesmo vale para aqueles que falam que gostariam de viver na época da monarquia, por exemplo, sem pegar seu livro de História - mesmo aquele bem velho do Ensino Fundamental - e ler alguns capítulos sobre como era a vida da população naquela época. Aquela época era de tal modo bruta que nem o amor era capaz de juntar um príncipe e uma plebeia e, quando acontecia, a mulher não era aceita pela sociedade, nem mesmo pelas camadas mais pobres e eles não governavam 'com o coração'.  Naquele tempo mesmo os reis e rainhas viviam à mercê de doenças 'incuráveis' pela falta de conhecimento e de higiene.
No entanto essas críticas à monarquia é assunto para uma outra postagem. Então avancemos para o segundo trecho:

"Literalmente em quase todo e qualquer indicador que possamos pensar e mensurar, seja objetivamente ou subjetivamente, o presente ganha do passado de goleada.Literalmente em quase todo e qualquer indicador que possamos pensar e mensurar, seja objetivamente ou subjetivamente, o presente ganha do passado de goleada."

É um costume antigo que muitas pessoas têm de falar que "Antigamente era melhor", sem perceber que suas memórias estão se modificando para se adequar ao que você quer pensar, no entanto veremos ao longo da nossa seção Desmascarando a História que "antigamente" não era tão bom quanto nossos velhinhos fazem  parecer.

Outro tema que despertou a minha adormecida vontade de criar essa seção foi a "Escola de Princesas", que Marina Franconeti do Fashionatto nos apresenta junto com suas críticas.

"A cada dia, a exigência para que a criança seja um mini adulto se torna ainda mais presente. A menina, desde cedo, deve se acostumar com a ideia de que só será feminina e aceita pelos demais se usar um vestido, se for magra. Esquece-se que a infância existe exclusivamente para a criança descobrir o mundo no qual está inserido, sem a pressão de ser uma adulta desde cedo."

No texto ela aborda alguns temas que estão presentes em nossa sociedade, como o fim da infância, o modo como as crianças estão se preocupando cada vez mais cedo em ser adultas, além de alguns pontos como, em pleno século XXI, ainda existir a ideia de que o matrimônio tem de ser o sonho de toda mulher. Ela nos traz as princesas da Disney e como Merida, do filme Valente, está revolucionando os ideais que os desenhos carregam.

"´[...] Ou seja, todas são princesas que possuem uma postura admirável, mas com algumas limitações. Diante disso, Merida ainda é a princesa mais diferente das outras: uma menina que aprende rápido a lidar com as expectativas de todo um reino tendo a coragem de impor o que deseja realmente ser."

Encerramos por aqui a introdução ao nosso novo tópico, tendo deixado alguns trechos dos assuntos citados e o link para aqueles que tiverem a curiosidade de ler a íntegra.


Citamos:
A Pré-História, Os primórdios da humanidade - História Geral, Cláudio Vicentino. São Paulo: Scipione, 1997.
Nostalgia da Varíola - Papo de Homem, Alex Castro.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Nota sobre a solidão

"Temos medo dos chatos, temos medo dos intrometidos, temos medo da violência, temos medo dos tarados, temos medo dos estranhos. Escolhemos permanecer na bolha, criamos a nossa própria solidão. Esquecemos que todos são estranhos até se tornarem conhecidos."
(Francesinha)

Via Papo de Homem


Por Guilherme Valadares

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Já esqueceram os 20 centavos?

Bêbado, de novo. Chegou tarde, cheirando a bordel. Tentou acordar a mulher às duas da madrugada, perguntou pela janta, pediu que estendesse a mesa. Ela não ouviu, embotada de sono. Resolveu despertá-la com um soco. Desferiu sem dó. Ouviu um choro ressentido, esqueceu da fome e dormiu. No dia seguinte, não foi trabalhar.
Semana passa e ela sempre perdoa. Capricha na maquiagem para disfarçar o hematoma. A rotina se repete por anos. Vamos tentar de novo, só mais uma vez, só mais uma vez.
Ela chega do trabalho cheia de planos. Queria contar das possibilidades que se abriram na empresa, queria ter alguém com quem se abrir. Ela tenta de coração, ele se faz de surdo e continua assistindo TV. Qualquer reprise é mais interessante do que essa ladainha. Há anos é assim, por que ela ainda não aprendeu?
Poucas horas depois ele quer sexo. Ela quer carinho. Esboça uma tentativa de beijo, afaga a nuca, sempre cuidadosa com a lingerie. Ele não liga. Tira a roupa, ele diz. Impotente, ela tira. Aqui não tem tapinha para dar um grau no tesão. É um sexo com gosto de surra.
Festa da família ele não vai. Casa de amigos ele não vai. Quem decide o programa é ele. Faltou dinheiro esse mês, ele vende a louça que ganharam no casamento. A cristaleira que ela amava tanto, presente de vó. Sem consulta, sem dor na consciência. Ela reclama, ele atira pratos na parede. Com um dos cacos, corta o braço dela. Ele achava graça em como a pele dela era frágil. Você é tão fraca, ele dizia.
Acordam juntos, ele vai tomar banho. Sai do chuveiro, deixa a toalha molhada em cima da cama e vai trabalhar. Toalha molhada. De novo. De costas para a cama, ele se veste. Ela pega o abajour de porcelana, silenciosamente. Pé ante pé. Golpeia-o na cabeça. Ele cai, desmaiado, e ela não se cansa de bater, enfurecida. Grita até perder a voz. A poça de sangue se forma, mas é coisa pouca perto do rio de mágoa que mora dentro dela.
No dia seguinte, a vizinhança inteira comenta:
“Maldita a mulher que mata o marido por conta de uma toalha molhada.”
“Maldito o povo que se revolta por conta de 20 centavos.”

Em A gota que faltava

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Carta aPóstuma

     Querida Dona Morte,
    Vista suas melhores roupas quando vier me buscar. Eu sei que te falam para vestir-se de preto, mas eu prefiro branco, principalmente se for um daqueles vestidos de verão que vão até o meio das coxas - são os meus favoritos.
     Quando chegar, me diga a verdade e me dê um sorriso sincero, caridoso. A cumprimentarei como uma velha amiga ou a maior amante. Abrace-me com carinho para que eu não sinta frio e afague meus cabelos para que eu lembre que houveram pessoas que quiseram cuidar de mim. Me beije com paixão para que eu recorde uma última vez do meu amor mais ardente e não ligue muito para uma mão esperta que por acaso lhe suba pelas pernas, entregue à lascívia.
      Você é uma visitante inesperada, bem sei, mas acho que só faz o bem vir nos acordar do sonho que é a vida. Deixo-te avisada só para o caso de ter me esquecido quando chegar a hora de sua vinda, ainda que eu acredito estar muito distante, pois nem telegrama me enviaste.
     Enfim, espero que receba minha carta e que me ouça. Lembre dos meus pedidos, para que sua inevitável chegada corra nos meus termos... (Sem pressão. Ha, ha.)
     Até lá, passe bem.
Com carinho,
Sam.

domingo, 4 de agosto de 2013

Pedem a verdade, ainda quando preferem a mentira.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Terceira do Singular

"Vós, que é minha inspiração, aprecia minh'alma d'água.
Vós, que é minha inspiração, ouve minh'alegria sem disfarce.
Vós, minha inspiração por completo, me transborda e, numa sede estranha, me preenche de palavras."